sexta-feira, 9 de março de 2018

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"Marília de Dirceu" 
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro
que viva de guardar alheio gado,
de tosco trato, de expressões grosseiro,
de frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
dá-me vinho, legume, fruta e azeite;
das brancas ovelhinhas tiro o leite
e as mais finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
graças à minha estrela! 

Eu vi o meu semblante numa fonte:
dos anos inda não está cortado;
os pastores que habitam este monte
respeitam o poder do meu cajado.
Com tal destreza toco a sanfoninha
que inveja até me tem o próprio Alceste:
ao som dela concerta a voz celeste,
nem canto letra que não seja minha.
Graças, Marília bela,
graças à minha estrela! 

Mas tendo tantos dotes de ventura,
só apreço lhe dou, gentil pastora,
depois que o teu afeto me segura
que queres do que tenho ser senhora
É bom, minha Marília, é bom ser dono
de um rebanho, que cubra monte e prado;
porém gentil pastora, o teu agrado
vale mais que um rebanho e mais que um trono.
Graças, Marília bela,
graças à minha estrela! 

Os teus olhos espalham luz divina,
a quem a luz do sol em vão se atreve
papoila ou rosa delicada e fina
te cobre as faces, que são cor da neve.
Os teus cabelos são uns fios d'ouro;
teu lindo corpo bálsamos vapora.
Ah! não, não fez o céu, gentil pastora,
para glória de amor igual tesouro!
Graças, Marília bela,
graças à minha estrela! 

Tomás Antonio Gonzaga

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