CENTRO EDUCACIONAL 06 DE CEILÂNDIA
PROF. FRANCISCO A. MIRANDA
C. CURRICULAR: FILOSOFIA
TEMA
- O pensamento ético filosófico: da Grécia Antiga à Idade Contemporânea
Atividade Avaliativa de Pesquisa
Observações fundamentais:
01.
[Na primeira linha] - Escreva o seu nome completo sem abreviação, seguido pelo número, série,
turma e turno. (Ex. Francisco Alves de
Miranda, Nº 01, 2º A), em seguida - [segunda linha] - escreva o título do trabalho (caderno) – O pensamento ético filosófico: da Grécia
Antiga à Idade Contemporânea.
02.
O trabalho é individual e deve ser escrito no caderno (contendo perguntas e respostas).
03.
As perguntas e respostas devem
ser escritas à caneta de tinta cor azul
ou preta. Perguntas de uma cor e
respostas de outra. O valor do trabalho (1,0) um ponto.
04.
Data
de entrega – [26-30/09/2016].
05.
A entrega do trabalho corresponde
ao dia da Primeira Aula exclusivamente.
06.
Caso esteja impedido de
comparecer a aula, favor apresentar atestado médico correspondente ao dia da
entrega, ou, em último caso, pedir a um familiar ou colega para trazer e
apresentar o seu caderno conforme data prevista.
07.
Todas
as questões devem ser respondidas, caso contrário,
não será aceito (o trabalho).
08.
Observe a quantidade de linhas (não será permitida quantidade
inferior ao número solicitado). Faça a enumeração das linhas. Exemplo: 01, 02, 03 em diante.
09.
Cópias
[trabalhos idênticos] não serão permitidas. Por
garantia não revele sua fonte de pesquisa e, tampouco, partilhe o seu caderno.
As redações serão lidas
em sala.
Na
história da humanidade, a reflexão filosófica sobre a ética sempre esteve
presente em todas as sociedades e culturas. Ainda que não se concentrasse em um
corpo organizado de princípios teóricos racionais, os valores morais já
prescreviam a identidade de um ethos
na história. Essa forma do saber ético, como um saber tradicional encontrado
nas primeiras civilizações, prescreveu as categorias fundamentais da ética
filosófica.
A
Ética, que é a ciência da moral, buscou orientar a conduta do homem como um ser
integrante de um Estado, de um Cosmo e de um grupo social-religioso. Essa
ciência estendeu sua reflexão axiológica ao se direcionar às ciências
particulares e técnicas que hoje, no século XXI, ampliou o quadro de discussões
para a legitimação das normas morais, a fim de conceder um melhor convívio nos
grupos sociais e planetário.
A
importância da ética filosófica numa pesquisa científica concerne a uma
trajetória do pensar e do agir do homem em todos os tempos. Ela expressa não
somente os anseios e problemas oriundos de cada época, mas expressa a
organização política, social e religiosa de uma cultura e nação. O
“comportamento moral é próprio do homem como ser histórico, social e prático,
isto é, como um ser que transforma conscientemente o mundo que o rodeia”. Com
isso, o estudo da ética, fundamentado na filosofia, proporciona o conhecimento
holístico do ser humano, como ser de ação, racional e social.
A
Ética filosófica sempre procurou orientar e encontrar soluções para os
problemas básicos das relações entre os homens. Desde a Grécia Antiga à
Contemporaneidade, a Ética foi discutida, elaborada e referenciada por muitos
filósofos. Sócrates racionaliza a Ética e preconiza uma concepção do bem e do
mal e da areté (da virtude). Em Platão, a Ética ganha fôlego na política a
partir de uma concepção metafísica e da sua doutrina da alma. Assim como
Platão, Aristóteles fala do homem político, social, condenado a viver na polis. Para o estagirita, o homem deve
cultivar a “justa medida”, que é o compêndio das virtudes éticas, pela qual são
administrados os impulsos e as paixões. A justa medida “se traduz em um habitus e, portanto, constitui a
personalidade moral do indivíduo. Aristóteles teoriza deste modo a máxima dos
gregos: ‘Nada em demasia’”.
Com
a decadência dos Estados gregos, a reflexão da ética filosófica toma novas
direções: de uma moral da polis para uma moral do universo. Assim, o estoicismo
(representado por Sêneca e Epitelo) e o epicurismo (por Epicuro e Tito) tomam a
natureza (a física) como referência para a moral.
Para
o estoicismo, Deus é a “razão final” do Cosmo. Nada acontece que não esteja
determinado por ele. E é para ele que todo indivíduo é destinado. Portanto, “o
bem supremo é viver de acordo com a natureza, ou seja, de acordo com a razão”.
Os epicuristas acreditam que o átomo é o grande ordenador de tudo quanto
existe. O homem é protagonista de sua vida, pois não há determinações divinas
em suas ações. Por isso, o “bem viver” se resume na procura do prazer
espiritual.
Na
Idade Média, preconizada pela ruína econômica política da sociedade, a religião
cristã sustenta a “unidade social” deste mundo diluído e exerce um poderio
religioso-moral que irá conduzir à reflexão intelectual desta época. A
filosofia cristã se baseia nas verdades reveladas para estabelecer o princípio
regulador do parâmetro ético. Se antes a referência da moral era a polis (para
Aristóteles), o universo (para os estoicos e os epicuristas), agora Deus é a
suprema verdade onde tudo é orientado para ele: a moral e a perfeição. Ainda
que a filosofia estivesse a “serviço” da Teologia, como se acreditava,
Agostinho e Tomás de Aquino resgatam a Filosofia Grega em suas vertentes
platônica e aristotélica e submetem-na a um processo de cristianização.
A
ética de Agostinho foi desenvolvida por uma ideia teológica nas categorias de
ordem e de fim. É o marco de uma primeira reflexão filosófica cristã. A ordem é
atribuída em um significado ontológico e ético que se articula à ideia de fim.
Portanto, a ordem é o elemento que conduz o homem ao fim último: à plena
realização. Tomás de Aquino foi influenciado por esta ideia agostiniana, e procurou
desenvolvê-la na ideia de ato, pela qual se dá a perfeição do ser em sua ordem.
Na Suma, Tomás de Aquino estrutura uma abordagem ética prescrita por três
expoentes conceituais: a estrutura do agir ético, a estrutura da vida ética e a
realização histórica da vida ética.
Na
Modernidade, a Ética se estrutura dentro de uma corrente Racionalista. O homem
torna-se o centro das reflexões, enquanto que a religiosidade perde prestígio
diante da ciência moderna, como as ciências desenvolvidas por Galileu e Newton.
O termo modernidade pode ser identificado em várias épocas, porém numa vertente
conceitual da Razão, pode-se entender uma “sucessão de modernidades”, desde a
Jônica no séc. VI a.C. Isto leva a situar este marco no séc. XVII, resposta da
“revolução científica galileiana e das evoluções filosóficas protagonizadas por
Descartes e Hobbes, que emergem das longas preparações medievais e
renascentistas”.
Na
história da ética, o paradigma mecanicista conduzirá o pensamento ético até a
filosofia kantiana da moral. A filosofia e a ética moderna “nascem para pensar
a constituição e a estrutura cognoscitiva do sujeito capaz de assumir o novo
destino histórico da razão, e de pensar a natureza da realidade”: o dever ser.
Descartes (1596-1650) foi o primeiro filósofo moderno a escrever sobre a ética.
Na ética antiga, o ethos é autônomo frente às aspirações do indivíduo, ao passo
que na ética cartesiana, o ethos é racionalizado por um sujeito pensante.
Descartes
abre o caminho para o “eu pensante”. No Discurso do Método, desenvolve questões
que problematizam a reflexão ética “na proposição de uma morale par provision como
norma de vida”. Em Kant, a ética filosófica atinge o seu auge: parte da
concepção de um factum da moralidade,
em que preconiza um sujeito individual, livre e autônomo. A “máxima” de seu
postulado ético está no imperativo categórico: “age de maneira que possas
querer que o motivo que te levou a agir se torne uma lei universal”. Para
Hegel, “o Espírito é o indivíduo que constitui um mundo tal como ele se realiza
na vida de um povo livre”. O ambiente social está constituído por uma
Consciência que postula seus valores normativos. Estes valores, compreendidos
na autoconsciência, compõem os elementos “ditos” para um indivíduo, ou seja, o
Espírito circunscrito numa dimensão social.
A
ética filosófica no mundo contemporâneo é instaurada por três paradigmas
éticos: o Empirismo, voltado para a análise do psiquismo humano, de
predominância do individualismo; o Racionalismo, iniciado por Descartes e
desenvolvido na ótica de uma moral racional de domínio da natureza; e o
Historicismo, de tradição alemã, “da qual o ethos é uma forma fundamental, o
campo privilegiado para o exercício da reflexão ética”. Todos estes modelos
contrapõem a Ontologia tradicional, entendida numa ideia metafísica do
postulado ético-moral.
Os
chamados “mestres da suspeita”, Marx, Nietzsche e Freud, põem em relevo a ética
filosófica tradicional construída nos moldes da metafísica. A reflexão ética
toma um novo direcionamento: desenvolvido em um pathos da economia para Marx; na cultura para Nietzsche; e no
psiquismo para Freud. Novas influências marcam a ética do século XX: a
hermenêutica de Heidegger fundada na existência humana, sobretudo com a
colaboração de Gadamer na “experiência hermenêutica” e de Ricouer na
“codificação dos símbolos”. Edmund Hussel funda uma análise fenomenológica
construída na Fenomenologia da “intencionalidade”. E Sheler desenvolve a
análise fenomenológica numa vertente personalista.
Com
efeito, a ética contemporânea, que se instaura em contraposição ao formalismo e
ao racionalismo abstrato de Kant e de Hegel, institui novas correntes que irão
fundamentar o tratado ético-moral no mundo atual: para Kierkegaard, o pai do
Existencialismo, a ética ocupa um estágio inferior e o homem perde a sua
subjetividade. Em Sartre o homem é total liberdade, mas as escolhas não
acontecem de forma arbitrária, pois uma decisão remete a um contexto social.
Nos Estados Unidos, o Pragmatismo (S. Peirce é o principal representante) toma
força e se difunde como filosofia do êxito e do útil. Freud (o fundador da
Psicanálise) torna possível fazer um juízo moral de uma ação, ao avaliar o
nível de consciência do indivíduo. No Marxismo, as teorias filosóficas da ética
esboçada até aqui são colocadas em xeque. E na Filosofia Analítica (também no
Neopositivismo), Moore destrói a concepção metafísica da ética em busca de uma
linguagem moral.
Com
o programa da linguagem moral, dois outros modelos filosóficos surgem na
filosofia atual: o positivismo lógico, que marca a neutralidade moral da
ciência, e a filosofia de Wittgenstein, precursora da metaética do discurso
ético e moral. A segunda corrente a se instalar na linguagem moral foi a ética
do discurso, desenvolvida por Karl-Otto Apel e Jürgen Habermas. “A ética
reivindicada em toda parte ancora dificilmente suas normas e valores em um
lugar que os funde e os justifique”. Pois, diante do desenvolvimento técnico
científico do mundo contemporâneo, qual o papel da ética filosófica? Como a
reflexão ético-moral pode atuar em um mundo marcado pelo vazio ético, pela
crise de fundamentos e pelo niilismo?
Evidencia-se,
então, que o tratado sobre a Ética filosófica sempre exerceu um marco central
na vida humana social e política, e se torna ainda mais eloquente diante das
vicissitudes do mundo contemporâneo.
Atividade proposta:
01. Qual
o sentido da palavra ética, ethos e mores?
Estabeleça uma relação entre estes três termos, isto de forma dissertativa e
argumentativa [em 25-30 linhas obrigatórias e faça a contagem de linhas].
02. .
Qual o sentido de ética para Sócrates, isto é, como esse filósofo deixa
transparecer o sentido de ética? Tem a ver com o seu método (que corresponde a ironia e a maiêutica)? [Pesquise a respeito e faça suas anotações em 25-30
linhas obrigatórias e faça a contagem de linhas].
03. Qual
o sentido de ética para Platão? Tem a ver com a ideia de bem, de justiça, de
verdade? Qual a relação que se pode estabelecer entre o conceito ético e a
alegoria da caverna proposta pelo mesmo filósofo? Disserte de forma
argumentativa a respeito desse assunto em 25-30 linhas obrigatórias e faça a
contagem de linhas - [Essa questão será
lida em sala – aleatoriamente]. Importante:
é aconselhável que você consulte livros ou sites a esse respeito antes de
responder.
04. Qual
o sentido de ética para Aristóteles? Tem a ver com a felicidade? Com o sumo bem?
Com o Estado? Com a ação política? Como o ser humano se efetiva verdadeiramente
e onde? Disserte de forma argumentativa a respeito desse assunto em 25-30
linhas obrigatórias e faça a contagem de linhas - [Essa questão será lida em sala – aleatoriamente]. Importante: é aconselhável que você
consulte livros ou sites a esse respeito antes de responder.
05. Qual
a distinção entre ética propriamente dita e ética cristã para o homem medieval?
[Pesquise e faça suas anotações em 07-10 linhas].
06. Qual
a distinção entre ética e política para o homem moderno? [Pesquise e faça suas
anotações em 07-10 linhas].
Questões contextualizadas:
Texto 01: Pega ladra (Gabriel O
Pensador)
“- Vossa Excelência, agora explique, mas
não complique!\ - Vossa Excelência, eu já expliquei! Eu não vi essa lista.\ Eu
afirmo com a mais absoluta certeza e sinceridade\ Que eu nunca vi essa lista!
\Não sei dessa lista, não quero saber e tenho raiva de quem sabe!\ Quem disser
que eu vi essa lista é um mentiroso, vai ter que provar! E se provar, vai se
ver comigo!”\ Pega ladrão! No Governo! [...] No Congresso! [...] No Senado! \
Pega lá na Câmara dos Deputados! [...]\ No Palanque! Pega ladrão! No Tribunal!\
[...] A miséria só existe porque tem corrupção!\ [...] Pega, pega ladrão! Tira
do Poder, Bota na prisão!\ [...] Aqui tem gente honesta\ Mas no poder é que tem
gente que não presta\ [...] A miséria só existe porque tem corrupção!\ [...]
“Eu fui eleito e represento o povo brasileiro.\ Confie em mim que eu tomo conta
do dinheiro”.\ [...] “- Tá vendo essa mansão sensacional?\ Comprei com o
dinheiro desviado do hospital.\ - Ah! E o meu cofre cheio de dólar?\ É o
dinheiro que seria pra fazer mais uma escola.\ - Precisa ver minha fazenda!
Comprei só com o dinheiro da merenda!\ - E o meu filhão? Um milhão só de
mesada!\ E tudo com o dinheiro das crianças abandonadas.\ - E a minha esposa
não me leva à falência\ Porque eu tapo esse buraco com o rombo da Previdência.\
[...] “Todos que me conhecem sabem muito bem que eu não admito\ O
enriquecimento do pobre e o empobrecimento do rico”.\ E você, que nasceu nesse
país\ E que sonha e que sua pra ser feliz\ Você presta atenção no que o
candidato diz?\ Ou cê vota em qualquer um, seu babaca?\ E depois da eleição
você cobra resultado?
Ou fica ai parado de braço cruzado?\ Cê
lembra em quem votou pra deputado?\ E quem você botou lá no Senado? [...]\ “-
Como vocês suspeitavam, eu realmente vi essa lista.\ Eu vi, mas não li. E digo
mais, eu engoli.\ Pra que ninguém lesse também. E foi com a melhor das
intenções.\ Burlei a Lei, mas com toda honestidade!\ - Vossa Excelência engoliu
a lista?\ - Bem, eu a coloquei para dentro do meu organismo, num lugar seguro e
escuro.\ De modo que pra todos os efeitos,\ Sendo assim desta maneira, eu me
reservo ao direito\ de não dizer nada mais. Tá tudo publicado nos anais.\ - Mas
ontem o senhor falou que não viu a lista.\ Hoje o senhor fala que viu a lista.
E amanhã o senhor...\ - Ah! Amanhã ninguém lembra mais!\ E o caso da lista vai
entrar prá lista dos casos,\ Os casos que ficaram pra trás...” (Adaptado
de: Gabriel, O Pensador. Disponível em: https://www.vagalume.com.br/gabriel-pensador/pega-ladrao.html.
Acesso em: 20 ago. 2016).
07. Importante
ressaltar desde já que a letra de Gabriel, O Pensador não é um tratado ético,
logo, não implica uma afirmação ao pé da letra sobre a realidade brasileira.
Outrossim, é um pressuposto reflexivo, portanto, você pode e deve opinar a
respeito, ou seja, posicionar-se perante a provocação do músico. Frente a isso,
qual o seu parecer sobre a atual situação política brasileira? É tão caótica
quanto a sugerida pelo O Pensador? Ou essa é uma visão fantasiosa? Disserte de
forma argumentativa a respeito desse assunto em 25-30 linhas obrigatórias e
faça a contagem de linhas - [Essa questão
será lida em sala – aleatoriamente]. Importante:
é aconselhável que você consulte livros ou sites a esse respeito antes de
responder.
Texto
2: Ética e política
“Ética
é um dos grandes capítulos em que se divide o pensar do ser humano desde os
primórdios da filosofia, na Grécia Antiga. E desde essa origem a ética teve e
tem uma íntima ligação com a política, chegando mesmo a uma quase identificação
naquele momento da Antiguidade. É que ética é um conceito Iminentemente ligado
ao coletivo seja esse coletivo a corporação (o caso das éticas profissionais),
a nação ou a humanidade (onde se colocam todas as questões dos direitos
humanos). Assim é que a filosofia política foi sempre tratada dentro do grande
capítulo da ética que, com a física (e a metafísica) e a lógica, compunham o
quadro geral da filosofia na Antiguidade.
O
conceito de ética é também algo estreitamento vinculado ao sentimento dos
povos, ao seu modo de viver e aos seus costumes, como indica a raiz grega da
palavra (ethos), e tem
naturalmente evoluído no seu conteúdo, como evoluem esses costumes ao longo do
tempo e da história. As éticas de hoje são em vários aspectos profundamente
diferentes das antigas, e a forma de encarar a escravidão é provavelmente o
exemplo mais conspícuo dessas diferenças que abrangem muitos outros aspectos
relevantes. Os antigos não conheciam, por exemplo, nenhuma ética da humanidade
e um dos seus princípios de virtude era o de fazer o mal aos povos inimigos.
Quanto
à política, a sua ideia se desdobra em dois conceitos diferentes que convivem
quotidianamente na opinião dos cidadãos e na motivação da ação dos políticos:
um é o de que a política, a mais nobre das ocupações humanas, é o empenho na
realização do bem comum, do bem da coletividade ao qual se aplica como a um
propósito final; é a concepção de Platão e de Aristóteles, dos filósofos pregos
que a explicitaram na sua polêmica de afirmação da filosofia (que se confundia
para eles com a política), contra o pragmatismo dos sofistas e dos retóricos
que ensinavam a linguagem eficaz para o manejo das assembleias e das funções
políticas. O outro é o de que a política é a arte e a sabedoria de conquistar e
de manter estável o poder; o fazer o bem; nesta visão, não é propriamente um fim,
mas um meio de ganhar o apoio dos cidadãos para a conservação e a estabilização
do poder, empregado em paralelo com outros meios também válidos, como o
marketing, o controle da mídia, o clientelismo, o populismo e até mesmo a
mentira, a violência e a corrupção. Este é o conceito derivado das
interpretações mais correntes dos conselhos de Maquiavel e é o que melhor se
enquadra nas concepções da ciência política moderna, entendida a ciência como
conhecimento neutro, isto é, destacado de qualquer consideração de natureza
ética.
Ambos
os conceitos são correntes no mundo e nos tempos, tendendo a prevalecer, no
geral, o ‘realismo’ do segundo. Assim é que, entre nós, contemporaneamente, a
virtude mais popular da política é a esperteza, que a linguagem simples tem chamado
de ‘jogo de cintura’, juntamente com a coragem, macheza ou ousadia; qualidade
das quais nasce a confiança no político, como alguém capaz de bem dirigir o
povo com pulso e habilidade. A ideia do bem, entretanto, estará sempre
presente e importante, a fazer a crítica permanente do pragmatismo, impedindo
o poder de violar certos limites ditados pela ética e levando-o mesmo
a fazer concessões a muitas de suas postulações, ainda que vistas
frequentemente como românticas ou quixotescos. E o propósito do bem, a sua
busca pela política, tende a ganhar dimensão de hegemonia nos momentos de crise
grave que abale os fundamentos éticos da sociedade, gerando verdadeiros
momentos revolucionários que operam profundas transformações político-sociais.
As
relações da ética com a política se dão principalmente em três vertentes, quais
sejam, as relações de conflito, as de convergência ou encontro e aquelas que se
desdobram numa dialética de condicionamento ou de iluminação”
(BRAGA, Roberto Saturnino. Ética e
política. Disponível em: < http://www.portalmedico.org.br/biblioteca_virtual/des_etic/3.htm>.
Acesso em 20 ago. 2016).
08. Como o autor
define ética e política? Na sua opinião, como deve ser a figura do líder
político? Comente sua resposta em (em 05-10 linhas obrigatórias).
Sugestão
de Sites:
Sentido
de ética: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/etica-a-area-da-filosofia-que-estuda-o-comportamento-humano.htm.
Ética
para Platão: http://www.psicologiamsn.com/2014/10/etica-de-platao-e-de-aristoteles-diferencas-e-semelhancas.html
Referências
bibliográficas:
APEL,
Karl Otto. Transformação da Filosofia II
– O a priori da comunidade de comunicação. São Paulo: Loyola, 2000.
DELACAMPANGE,
Christian. História da Filosofia no
século XX. Trad. Lucy Magalhães. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
REALE,
Giovanni e ANTISERI, Dário. História da
filosofia – Filosofia pagã antiga. São Paulo: Paulus, 2003.
RUSS,
Jacqueline. Pensamento ético
contemporâneo. Trad. Constança Marcondes César. São Paulo: Paulus, 1999.
VAZ,
Henrique C. Lima. Escritos de Filosofia
IV – Introdução à Ética Filosófica 1. São Paulo: Loyola, 1999.
VAZQUEZ,
Adolfo Sánchez. Ética. Trad. João
Dell’Anna. 23. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
VILELA, Moreno. Dicionário de pensamento contemporâneo. São Paulo: Paulus, 2000.
Acesso pelo BuscaLegis em: 23/04/2009.
[1]
Fonte:
SILVA, Antonio Wardison Canabrava da. O
pensamento ético filosófico: da Grécia Antiga à Idade Contemporânea.
Disponível em: < http://www.egov.ufsc.br:8080/portal/sites/default/files/anexos/30555-32164-1-PB.pdf>> Acesso
Em 17 ago. 2016.
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