Tempo de mudança
É tempo de mudar.
É tempo de organizar.
É tempo de deixar.
É tempo de buscar.
É tempo de achar.
É tempo de perder.
É tempo de...
Mas o que é o tempo?
Um contar inverossímil dos segundos?
Um girar ininterrupto da órbita?
Um abrir e fechar incessante de portas, ora largas, ora estreitas?
Um rastejar lento matutino, uma caminhar lépido vespertino, um correr desesperador noturno?
Digam-me! Por favor, me respondam: O que é o tempo?
E ainda mais... Por que tempo de mudança?
Mudar o que? Se mudamos involuntariamente a cada segundo.
Se a cada tique taquear, morrem e nascem células.
A cada instante já não sou mais quem era, há segundinho atrás. Já não sou mais o mesmo.
Olhe para isso! O tempo deixa suas marcas, crava suas garras deixando seus sulcos.
Olhe para mim! Não tenho tantas marcas visíveis, mas milhões inscritas no céu de minh'alma. Sulcos que se perdem em profundidade.
Eu e o tempo.
O tempo e eu.
A mudança acontece.
Acontece o mudar.
O transpor não depende de mim. Silenciosamente determina o tempo.
Ele segue, eu mudo.
É algo inerente à minha condição, e ele segue absoluto.
Ele segue, eu corro.
Ele segue, eu morro.
Eu preciso deste tempo.
Tirar este pó, colocar a vida pra tomar sol!
Esta é a minha escolha.
Ficar na caverna apenas observando o fogo, tentando ignorar o tempo.
Ricardo J. Medeiros
Professor de Biologia da SE
Supervisor Pedagógico do Ced 06 de Ceilândia

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